Reflexos tardios
Movimentos repetitivos
Nada se cria, em mitos
No imprevisto, tudo se transforma
E no fim do dia
Quando a tempestade limpa a cidade
Destacando o brilho
Onde antes era impureza
Realçando a bondade
Em casa gesto de avareza
Os homens saem às ruas de cara lavada
Prontos para usarem novos colírios
De velhas fuligens
Retardos críveis
Movimentos sombrios
Nada na vida são ventos
Tudo na vida são novos moinhos
E os homens se mostram eventos de pura sorte
Fazendo o pó em farinha
De novas almas famintas
Pois o hoje é o dia
De outras noites mal dormidas
O vago do lado alto da rua
Não mais assusta
Ainda é cedo quando se madruga
E o vinho seco que desce à goela
Ainda é a fome que amarela
Tão nobre de fina lembrança
Tão pobre em vero semelhança
Aí se faz
Aqui se paga
E o gosto ácido de um dia amargo
Contrasta em tanto
Com a doce mentira da esperança
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