Eterna Busca – Versão com Projeção

Olinda - PE

Exposição Fotográfica
Ateliê Casa da Árvore, Olinda - PE
Maio de 2022
Projeção de Fotografias e Poemas

ETERNA BUSCA mostra a relação humana inserida em seus meios, Interior e Exterior, suas principais ações, Correr e Pensar, e o seu objetivo essencial através do Desejo.

Toda metáfora poderia ser castigada, mas é só um espelho dessa Eterna Busca da Natureza Humana.

Pedi para as palavras me dizerem por onde elas passam O que sugerem as bocas que as proferem O que acham suas mentes privilegiadas Quais canetas as descrevem Pedi para as palavras quais sentimentos as definem Se estão como blocos de concreto a sustentar tanto peso Se estão como águas em um rio caudaloso a levar tantos mistérios Pedi para as palavras os contornos de seus corpos Quais grafias sintetizam suas vidas Quais desenhos se fazem mais entendidos Se de fôrma, com serifa, cursiva ou bastão Se de todos os seus significados há algum especial para suas mãos Assim, estaremos sempre juntos de mãos dadas Deixarei de ser humano, me transformando tal qual a elas Em Palavras

Eterna Busca, em sua segunda de cinco partes, mostra o Exterior como o meio ambiente onde a Natureza Humana é impactada pela meritocracia.

Já não me acho, está tudo coisado Todavia, havia via enquanto eu sorria Agora, nem a flor da amora para mudar a história Sou refém do exagero, acumulo e não desfaleço Retiro o gênio do genioso e lamento das sobras, o osso Já não me acho, está tudo coisado O amor não se prova, o carro só atola O ladrão não mais me assalta Nem os espinhos furam além das calças Não retiro meu exagero nem por decreto Do mais injusto fardo à luz que renego Tudo são sombras previstas nesse lampejo Já não me coiso, está tudo achado Das sandices em vime onde cabem o diz que me disse À sujeira estética que escorre entre os olhos do achado Tudo encontrado na alma do derrotado Todas as coisas resolutas no caos e na paúra

A Natureza Humana pede passagem, avança sobre as coisas e suas ordens desnaturais. Eterna Busca, em sua terceira de cinco partes, expõe o Correr como mote diário. Enfim, toda metáfora é castigada, atropelada por alegorias pueris.

Minha mente partida Minimamente tardia Mina mentes vazias Mina sementes lascivas Gira mente sombria Que desacredita em livre renúncia A tudo que estivera E que só mente, mentiras vazias Com qual pronúncia? Minha mente vazia Que ainda é cedo, já tardia Que acalma medos em odisseias sombrias Que ainda é livre, sem saber por onde iria Que acredita em qualquer verdade inventada Do céu, do inferno, do poema cálido, da chuva da invernada Que levanta o dia Que celebra a vida por tanto e tanto castigada O que viria de tão tarde de uma mente caída?

A Natureza Humana procura a calma em meio a tempestade. Pensar não custa nada, mas exige o trabalho e força de mil operários, e é tão temido, que se torna o inimigo numero um, seja de um autoritário, seja da própria pessoa que pensa. Eterna Busca chega a sua penúltima parada e reflexão, tratando agora sobre o mínimo coletivo necessário. A metáfora é reerguida das cinzas, como a uma Fênix mística.

Ser plural e coletivo é transbordar o singular, ao ponto de eterno, permanecer vivo. Acaba por ser um desses elixir de vida com sabor intenso e revigorante, e que por vezes, nos faz cambalear pelo excesso aquela alegria festiva que tínhamos desde a infância, antes de nos tornarmos sérios. O plural está na inocência pueril que só enxerga o outro mesmo no seu egocentrismo de criança, afinal, sua vida e o que estará em sua história serão as idas e vindas daquele quintal. Perdemos o coletivo quando ganhamos o nosso primeiro espelho, pensando ser dois naquele banheiro, limitando a chegada do outro, exposto que já se tem o melhor amigo, vivo em nós mesmos. Cria-se a ferida, emoldura-se a casca, passa-se a enxergar no acúmulo todo abate de caça e o novo quintal é a sala ampliada e decorada de ausência. Devemos quebrar a noz, para sermos mais nós. Ser plural e coletivo não é um aviso, é um convite a sermos nossa real essência encoberta e encontrar no mundo o mais lindo quintal de nossa natureza plena.

A Natureza Humana sábia, entende que chegou ao seu ápice, mas incansável, sugere novos desafios. Eterna Busca chega a sua última estada, renova o ciclo e segue, com um pitaco aqui e outro ali. A essência dessa trajetória esta posta e não se afirmar nesses passos acaba por chegar ao desejo incompleto, renovável e descartável. O contrário é a metáfora finalmente sonhada, deixando de ser figurada e se transformando em algo concreto. O Desejo é o que se quer, aquilo que importa ao seu íntimo e te preenche por inteiro.

Permita-me que venha logo a noite como parte única de meu dia Permita-me o frescor dos olores, o degradê das cores A temperatura que se ameniza Permita-me dia, que seja mais importante a noite Pois é na noite que começa o dia E quando a luz nos alerta, nos impera para novas descobertas Quando nos massacra em tarefas diárias e incessantes Num despertar continuo Que nos limita em sonhos e nos quer mais divinos É na noite que me lembro mais humano, e ainda mais menino E no fim da tarde, quando o cansaço se avoluma As questões se multiplicam, a tribulação aumenta Quando tudo parece não ter fim Abraçam-se sofrimentos, se cicatrizam guerras, se brindam conquistas Pois é na noite que se finaliza o dia Portanto, permita-me dia Que em meu resguardo, nesse instante que é só meu Meu e de tantos outros meus que se apoderam da noite Como uma carícia num rosto sofrido Que se acobertam entre os desejos quando acometidos de uma paixão súbita Que se acalmam entre as diversas notas de uma orquestra magnifica que se vislumbra Permita-me que a fogueira de sons seja meu real jardim numa noite infinita Fazendo sempre eterna a noite no meu breve dia

About Luciano Bueno Duran

Luciano Bueno Duran é Artista Visual e Escritor.

Autor do livro ICO E ECO, DOIS HERÓIS SEM TESÃO, poesia brasileira, e de outros dois poemas em duas Antologias:

1.001 Poetas Contemporâneos (Poema A Montanha Mágica)
Poemas Marítimos (Poema Carta ao Mar)


Em Maio de 2022, realizou a Exposição Fotográfica ETERNA BUSCA, no Ateliê Casa da Árvore, em Olinda - PE, através de projeção de fotos e poemas.

Em março de 2024, ETERNA BUSCA ganhou sua versão impressa e foi apresentada na Galeria Jundiaí da Biblioteca Municipal Professor Nélson Foot, em Jundiaí - SP.

Tem se dedicado à Escrita Criativa em redação publicitária e roteiros de teatro e áudio visual, especialmente, curta metragem.

Acompanhe esse artista em suas redes sociais e nesse site.

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